09 Aug
09Aug

Ela tinha os olhos doces e um coração tão ingênuo que, por mais que você tivesse partido com palavras cruéis, ela jamais te olharia sem amor. Nem depois da despedida, tão dura, tão fria. Nem depois de você usar as coisas que ela sentia contra ela mesma, como se fossem armas.

Ela te olharia com a gentileza de quem entende que, por trás da raiva, há medo... e que, às vezes, a crueldade só é um jeito torto de gritar por ajuda.

Talvez pegasse sua mão, só na imaginação, porque timing e o medo não deixavam acontecer e diria com toda a coragem que mora nas pessoas que amam de verdade: “Você não é perfeito. E eu gosto de você mesmo assim.”

Porque ela não gosta do outro pela perfeição, mas pela humanidade dele. O cabelo bagunçado, os pensamentos a mil, as digressões e o quebra-cabeça que é montar as conversas horas depois, tentando encaixar as peças que faltam.

Ela gosta do que é real, do que vive e respira, mesmo com falhas.

E é por isso que o amor dela é tão potente porque só quem olha o outro com verdade é capaz de gostar com profundidade.

Mas gostar do seu real não significa aceitar as palavras tortas, o desdém e o tom de humilhação que você usou.

Ela entende a raiva que você carrega e até te acolheria, se pudesse. Mas também precisa que você se comprometa a mudar, com reparação verdadeira.

Que fale as coisas quando precisam ser ditas, e não só quando a tensão explode e você despeja tudo de qualquer jeito, o que só machuca ainda mais.

Ela precisa que você cuide de si para que ela possa continuar gostando de você. Porque, se não for assim, mesmo que ela continue gostando, vai se afastar. Não para desistir, mas para se proteger, para não se machucar tantas vezes até que você entenda que testar o afeto do outro não vai te curar.

E talvez você esteja olhando, sem saber como voltar. Mas se você não souber como voltar e quiser de verdade, com coragem e honestidade... Ela estaria ali, esperando. De braços abertos, olhos atentos, pronta para acolher um retorno maduro. Não por medo ou necessidade, mas por escolha, por querer de verdade, por vontade clara de recomeçar.

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