24 Jul
24Jul

Foi olhando de longe que eu vi. Um garoto dono de si. Dono do que sentia, do que pensava, do que sabia.

E ele soube cedo, cedo demais.

Me disseram com espanto: “Não é normal uma criança de 1 ano e meio saber todas as letras e números.”

Mas ali estava ele. Aprendendo a ler e escrever sem que ninguém soubesse exatamente como.

Com 4 anos, já ensinava os colegas. Já queria aprender outras coisas.

E eu, ali. Testemunhando admirada o nascimento de alguém ótimo com palavras. Argumentativo. Elucidativo. Inventor de trocadilhos que me faziam rir.

Ele escreveu histórias. Contou em desenhos. Devorava livros com uma fome que eu reconhecia.

Era, de alguma forma, uma cópia diferente do que eu fui. 

Era ele, só ele. Muito mais firme e decidido do que eu jamais fui.

E pensar que esse serzinho nasceu de mim...

De um amor imenso que ele inaugurou sem pedir permissão. De uma vontade nova de ser melhor só porque ele existia.

Eu tenho uma sensação muito clara: vi algo divino nascer em mim quando soube que ele estava ali.

Talvez tenha sido o sonho que tive.

Talvez o tanto de amor que jamais imaginei que coubesse em mim.

Ou talvez só a certeza de que minha vida jamais voltaria a ser a mesma por causa dele.

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