20 Apr
20Apr

Não gostamos dos outros porque eles estão prontos e acabados. Gostamos também das lacunas, do imperfeito, do que vem inacabado. Um jeito de falar que hesita, o cabelo bagunçado, o gesto apressado de quem se explica nervoso... tudo isso somado ao que é lindo: o pensamento rápido, o humor inteligente, o sorriso que é sol.
Gostamos de alguém que não está pronto e nós também não estamos. Mas somos reais.
Este poema fala disso. Da beleza de aceitar o que é oferecido com verdade, ainda que falte algo (ou muitos algos). De não esperar a hora certa, o momento ideal, a versão polida. Fala sobre se deixar tocar por quem chega, do jeito que chega, com medo, com insegurança, com incerteza... mas chega. E sobre como, às vezes, isso é mais que suficiente, quando se tem coragem.
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eu sei. 
sei que você carrega o mundo nas costas.
sei que tem listas, metas, pendências.
sei que acha que só depois de resolver, 
melhorar, parar de fumar, dar conta, 
entender seu tempo 
é que vai estar pronto pra amar.
mas deixa eu te contar uma coisa?
você já é o bastante.
mesmo com o ronco, 
mesmo com as inseguranças,
com os medos, 
com a pressa disfarçada de calma.
mesmo achando que não tem o que oferecer.
você tem.
tem o sorriso de sol que eu nunca esqueci.
tem o jeito que você ouve.
tem seu carinho tímido, 
que aparece nas entrelinhas.
tem você.
eu nunca quis um homem perfeito.
quis verdade.
quis presença.
quis colo no fim do dia e 
alguém pra rir das coisas bobas comigo.
quis sentar na cozinha, 
dividir um café morno e 
conversar sobre tudo e nada.
e é você quem eu vejo ali.
não quero te mudar.
não espero que você resolva o mundo antes de chegar.
só queria que você soubesse que 
o que eu sinto por você
não precisa ser merecido.
ele só precisa ser vivido.
e se um dia você entender isso 
que já é digno, mesmo agora, 
mesmo assim 
eu vou estar aqui.
não esperando, mas torcendo.
porque eu já vi o quanto você é bonito
do jeitinho imperfeito que é.


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