Ele não chega com barulho. Não chega com aquele peso de promessas vazias que já cansaram seus ombros. Ele vem leve, como se já soubesse que você está exausta de jogos, de homens que somem, de mensagens que começam bonito e terminam em silêncio. Ele não te pede pressa, mas também não te deixa esperando.
Talvez você o veja pela primeira vez em um cenário cotidiano, quase banal, uma livraria em que você entrou para respirar entre um atendimento e outro, ou numa cafeteria pequena, dessas que têm cheiro de bolo caseiro e xícara de verdade. Ele está lendo algo que chama sua atenção, ou talvez seja o jeito como ele sorri para a moça do balcão. É um sorriso de quem está confortável no mundo, sem precisar provar nada.
Vocês trocam olhares, mas não é aquele olhar invasivo, é um convite silencioso. Você sente o coração acelerar, não porque está nervosa, mas porque há uma calma estranha ali, como se esse homem já soubesse que você tem filhos, contas, uma agenda lotada e que seu coração não tem mais tempo para joguinhos.
Ele puxa conversa de um jeito natural, talvez perguntando sobre o livro que você folheia ou comentando a música que toca no ambiente. Vocês falam de coisas pequenas primeiro, mas com uma profundidade que só você sabe dar: ele nota seus detalhes, a pausa antes de responder, o jeito como seus olhos sorriem antes da boca. E você, por mais que tente se proteger, sente que algo dentro de você relaxa.
Ele não tem medo da sua intensidade. Pelo contrário, ele admira. Ele tem um jeito firme, de quem sabe o que quer, mas não pressiona. Você descobre que ele também tem uma vida cheia, trabalho, histórias, cicatrizes, mas não carrega as próprias dores como desculpa para não amar.
O que mais te surpreende é a consistência. Ele escreve quando diz que vai escrever, aparece quando diz que vai aparecer. Não some. Não te confunde. Ele não chega para te salvar, nem ser salvo, mas para caminhar do seu lado.
E, sem perceber, você vai baixando a guarda. Não é paixão avassaladora, é algo mais bonito. Uma chama constante que aquece devagar. E você entende, com o corpo inteiro, como um “fica tranquila, eu não vou embora”.
Um dia você se pega sorrindo sozinha, lembrando dele e percebe que o amor que você tanto queria não chegou em alarde, sinos tocando, mas com passos seguros. Ele encontrou o caminho até você apesar das barreiras e, ao invés de derrubá-las com força, ele as atravessou com paciência porque sabia que valia a pena.