02 Sep
02Sep

Há encontros que parecem ter o tempo errado. Um coração pronto, outro em fuga. Chamamos isso de desencontro mas, muitas vezes, é apenas o reflexo de descompassos internos: de maturidade, de autoconhecimento, de prontidão para amar. 
Na psicologia, entendemos que o amor exige mais do que sentimento. Pede disponibilidade emocional, recursos internos e a capacidade de sustentar a vulnerabilidade que surge quando nos entregamos. Quem não está pronto, mesmo que queira, muitas vezes não consegue permanecer.
Esses desencontros não são culpa de quem sente mais ou menos, são histórias de ritmos diferentes. Um pode já ter atravessado seus medos, aprendido com suas dores e desejado construir, o outro ainda pode estar preso em antigas feridas ou no receio da entrega.
E, no meio disso, ficam os silêncios, as esperas e a coragem de quem escolhe estar inteiro, mesmo quando o outro não está. É desse descompasso que nasceu esse poema. 
....
Chegou nua
Não de roupas
Mas de verdades
Chegou cheia de si
De uma imensidão do que é
Sorriu um sorriso solar
Com o olhar doce
Ela foi ao encontro dele
Na inteireza do seu desejo
Foi até ele, leve dos pesos das culpas do que foram,
Desgarrada da ideia do que poderiam ser. 
Foi até ele com passos firmes, da certeza da sua vontade. 

Segura do que sente. 
Presente. 
Mas ele não estava lá.

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