Às vezes, o que mais nos toca também é o que mais assusta. Não por ser ruim, mas por ser bom demais, por alcançar lugares antigos, feridos e esquecidos.
Na Terapia do Esquema, esses momentos estão ligados aos modos esquemáticos (estratégias inconscientes que desenvolvemos na infância para lidar com a dor). Fugir, evitar, desconectar: tudo isso pode parecer proteção, mas, no fundo, são formas de não sentir aquilo que um dia doeu demais.
Já na Terapia Cognitivo-Comportamental, entendemos que padrões de pensamento moldam nossas escolhas e, quando esses padrões são automáticos e negativos, podemos acabar sabotando até aquilo que mais desejamos. Por isso, algumas fugas são estratégias usadas em experiências passadas, mas que já não servem para as situações atuais.
Por medo de reviver antigas dores, a pessoa acaba perdendo algo que poderia ser cura. Porque, se não olharmos com coragem e carinho para o que repetimos e não decidirmos conscientemente ficar, mesmo que desconfortáveis, construindo uma nova história num novo momento, acabaremos por reencenar um enredo que já não faz sentido.
na despedida, entendeu
que amores não são feitos de silêncios,
são feitos de presenças.
as palavras ditas sem pensar
ecoaram para além do momento
e devolveram culpa.
voltou a ver as fotos dela
não sabe bem se por saudade
ou vaidade de saber
que um dia ela o quis.
mesmo assim, manteve-se distante,
no anonimato, orbitando a vida dela,
sem nunca entrar, sem nunca ficar.
ele quer, ele sente,
mas não sabe ir além do medo
que habita o inconsciente.
padrões repetitivos de relações disfuncionais,
dificuldade em sustentar o desejo
e ser responsável pelas consequências das escolhas.
não foi só o timing que atravessou a história deles
foi a maturidade emocional que faltou,
foi o salto que poderia ter acontecido
...e foi escolha dele não ficar.