03 May
03May

"Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo" (E. B. Hall)

Na Comunicação Não Violenta, aprendemos que toda palavra tem uma raiz: um sentimento, uma necessidade, uma história. A palavra que cuida não nasce da raiva cega, mas da presença. Ela espera o silêncio, respeita o tempo, nomeia o que dói com gentileza.
Nem sempre conseguimos dizer da forma mais bonita, e tudo bem, o importante é quando a palavra vem com verdade e com o desejo de conexão.
Uma palavra com afeto pode ser um abraço no meio do caos. Uma palavra avisada pode evitar uma ferida. Uma palavra com escuta pode curar uma história inteira.
Talvez seja isso: Defender a palavra é defender a possibilidade de encontro.
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Eu defendo a palavra
A palavra dita com calma,
sem pressa.
Dita de um lugar de dentro,
que antes foi sentido,
fez sentido.
A palavra que vem torta,
descuidada,
vem intensa,
movida pelo sentimento
desorganizado.
Eu defendo a palavra
que vem depois do silêncio
não do longo silêncio 
sem aviso,
mas do silêncio
avisado com cuidado.
A palavra que acolhe
a palavra que não grita,
a palavra que avisa,
a palavra que acarinha.
Eu defendo a palavra
dita com amor,
mesmo no final,
mesmo desprezada,
sem escuta.
A palavra que não se esconde.
A palavra que se aninha,
quieta,
no silêncio cúmplice.
Eu defendo a palavra
que organiza
todas as outras palavras 
mesmo que elas mudem.

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