21 Apr
21Apr

Alguns términos não são ditos, são cortados.
Há despedidas que não se constroem com conversa, mas com silêncio, falta de empatia e ausência.
Esse poema nasceu de um fim abrupto, daqueles que deixam a alma tentando encontrar sentido no vazio.
Escrevê-lo foi um ritual íntimo, um modo de dar forma ao que nunca chegou a existir por inteiro e terminou com palavras doloridas que, ainda assim, acolhi com carinho.
Talvez você reconheça algo seu entre essas linhas.
Talvez, como eu, tenha vivido um adeus que doeu mais pelo que poderia ter sido do que pelo que foi.
Talvez tenha tido, num golpe fatal, que deixar a fantasia de lado… e seguir caminhando no chão dolorido da realidade.

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eu pude sentir a espada pela última vez
numa dor rápida, dando fim a tudo
(lentamente)
assim foi a nossa despedida
sem as palavras bonitas que eu imaginei
em mil histórias diferentes.
suas palavras foram feias e violentas
me mostrando a espada brilhante
para meu último ato de honra
meu hari kiri.
corte certo, corte rápido
(profundo)
fim de tudo
fim de tudo, de novo.
dos mil fins que eu inventei
do que não existiu.

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