17 Aug
17Aug

Alguém me disse que estava procurando “nexo” em mim. Mas é difícil achar coerência em seres humanos. Somos complexos demais para caber em uma lógica reta. E talvez, se fôssemos sempre coerentes, viveríamos apenas uma parte da vida, explorando pouco. Quem sabe a incoerência seja, no fundo, uma aliada da evolução.

Quem me vê lendo psicanálise ou filosofia, estranha quando descobre que também me perco em romances de cura (e fica assustado quando me vê rindo de memes de caráter duvidoso!).

Quem sabe que estudei violino e amo Vivaldi, se surpreende quando digo que adoro um pagode, forró, sertanejo universitário, reggae até um trapzinho (confesso).

A mesma mulher que debate horas sobre filmes cult, se emociona com doramas. A mesma que é capaz de falar sobre temas profundos também faz piadinhas quando se sente a vontade.

A que já teve o privilégio de escolher vinho com sommelier para acompanhar o risoto, também já sentou na calçada só pela alegria da companhia porque no fim, é a companhia que importa.

Eu sou a que ama vestidos, mas também vive de moletom e anda descalça. E embora as pessoas me vejam como uma pessoa séria, quem convive comigo diz que eu tô sempre rindo.

A que tem amigos com doutorado morando no exterior e amigos que viveram na rua, como aquele punk anarquista cheio de ideias fascinantes.

O não óbvio mora em mim. Mora em todos nós. Talvez o bonito de conviver com pessoas seja justamente isso: descobrir as camadas, as nuances, que escapam das categorias fáceis.

Como aquele risoto cremoso e chique que provei com a crocância das nozes, a doçura do damasco e o sabor inusitado do gorgonzola e que se encaixou perfeitamente num vinho tinto seco suave (mesmo que o sommelier tenha indicado um vinho branco kkkk).

Camadas. Nuances. Não óbvio. (E talvez, um pouquinho de rebeldia).

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