29 May
29May

Vivemos tempos em que a ausência não significa mais sumiço. Mesmo depois do fim de uma relação, ou do que mal começou, muitas pessoas permanecem por perto de forma silenciosa. Curtidas esporádicas, visualizações de stories, reações sutis... como se estivessem ali, orbitando.
Orbitar é o termo usado para descrever o comportamento de quem não quer estar junto, mas também não quer ir embora por completo. Pessoas que não estão emocionalmente disponíveis para construir um vínculo, mas mantêm algum tipo de presença nas redes sociais de quem já despertou seu afeto.
Essa atitude, muitas vezes inconsciente, pode ser um reflexo de vaidade, insegurança ou simples necessidade de validação. Para quem está do outro lado, no entanto, esse rastro digital pode confundir, reabrir feridas e dificultar o processo de encerramento afetivo.
Falar sobre essa “patologia do orbitar” é também refletir sobre limites, sobre a ética nas relações e sobre a responsabilidade emocional que temos com o outro, mesmo quando decidimos não ficar.
Esse é uma poema que escrevi diante de uma decisão importante: entender que quem "orbita" não fica, que quem oferece migalhas não merece banquete e que a melhor resposta é o silêncio e seguir em frente, para estar com quem também quer estar, inteiro.
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Você falou algo com a voz abafada,
e de onde eu estava, não entendi.
Mostrou uma faceta nova,
que de longe... eu não vi.
Não sei mais o que te dizer,
e daqui pra frente, talvez,
o silêncio seja meu.
Vejo você orbitando ao meu redor,
se alimentando da vaidade
de poder dizer que um dia eu te quis.
Mas eu sigo com meu brilho,
porque, mesmo na despedida,
eu fui
o que você dizia querer ser:
gentil.

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