18 Jul
18Jul

Ela era pequena. 

Pequena demais. Frágil.

Mas mais do que isso: era minha.

Algo que eu mesma fiz.

E é assustador pensar que eu havia produzido, sem saber como, uma vida.

Eu adorava ver seus pés miúdos, os cabelinhos escuros, a risadinha inesperada, era a primeira vez que eu via um bebê tão pequeno rir.

Como pode alguém tão pequeno mudar tanto a gente, né?

Não só mudar… mas fazer recalcular toda a vida.

Repensar formas de ser, de fazer, de sentir.

Colocar tudo em novos lugares pra caber:

mais amor, mais trabalho, mais doação.

Foi entre o que eu imaginava que seria e o que foi, de fato, que ela nasceu: minha filha.

Chegando a seu modo, me mostrando que, embora eu queira planilhar a vida, tem coisas que não cabem nas datas exatas do calendário.

Ela chegou não pra ser mais uma.

Mas pra ser ela.

Falante, sensível, esperta.

Cheia de questões que eu respondo com atenção, com pressa, com admiração.

Ela pergunta pra entender a vida.

Se espanta com a novidade que pra mim já é cotidiana.

Me ensina a olhar por novos ângulos as coisas que eu achava saber de cor.

Ela é um olhar brilhante pro mundo.

Que me faz ver além.

Um serzinho tão pequeno… que me faz ser maior.

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